Beijing, Pequim ou 北京?
Todo blog sobre a China tem que esbarrar nessa questão. Afinal, como devemos chamar a capital chinesa: Beijing ou Pequim?
Vamos com partes. Em chinês, o nome da metrópole se escreve 北京. São dois caracteres. O primeiro, 北, se pronuncia “běi” e significa “norte”. O segundo, 京, se fala “jīng” e significa “capital”. Olhe no mapa da China onde fica Beijing e não é difícil de entender porque ela é chamada de “capital do norte”.
Existem várias teses de como a Beijing chinesa virou “Pequim” (ou Peking, Pékin, Pechino...) nas bocas ocidentais. Uma diz que a grafia “Peking” (como usado antigamente em inglês, ou ainda hoje no alemão) é uma aproximação da pronúncia cantonesa, do sul da China, para o nome da cidade. Outra relaciona padres jesuítas europeus que visitaram a China em tempos de outrora e usaram o alfabeto latino para transcrever como podiam o que ouviam em chinês. O francês “Pékin” virou “Peking” na Inglaterra, e daí espalhou suas variações pelo continente europeu.
Você pode se perguntar que tipo de surdo ouve “beabá” e escreve “peapá”. Mas a verdade é que, pronunciada corretamente, a palavra “Beijing” não se parece tanto com “beijim”, como na frase “beijim beijim tchau tchau”. O “B” não é tão sonoro, está mais para um meio termo entre nossos “P” e “B”. O jota não se fala como em “jejum” ou “jujuba”, mas que nem o “J” de nomes ingleses como John e Joe, acrescentando ainda uma lufada de ar. “Peitim”, como na frase “pega no peitim”, seria uma transcrição até mais fiel.
Nas últimas décadas, depois que o pinyin se consolidou como a transliteração oficial do chinês para o alfabeto romano, o nome Beijing vem ganhando força no ocidente. No inglês, já virou consenso. O próprio guia Lonely Planet menciona que a cidade só é ainda “chamada carinhosamente de Peking por diplomatas, jornalistas nostálgicos e acadêmicos saudosos”.
Em outras línguas européias, inclusive o português, formas “apequinesadas” ainda prevalecem. Na imprensa brasileira, vejo mais Pequim do que Beijing. Mesmo entre blogueiros brasileiros que moram por aqui, não há acordo. A Cláudia Trevisan , autora do ótimo livro Os Chineses , usa “Pequim”. A Lúcia, do Lu na China , usa Beijing, assim como a Janaína Silveira, doJanajan , que até escreveu recentemente um post sobre isso .
Os partidários de “Pequim” sustentam que essa é a forma que herdamos dos portugueses e já está consagrada em nosso idioma. Quem prefere “Beijing” acha que faz mais sentido usar o nome local. Todo argumento tem lá os seus problemas. Isso porque:
1. Se formos seguir sempre os portugueses, teremos que chamar a capital russa de “Moscovo”, a holandesa de “Amsterdão” e Hong Kong de (argh!) “Honguecongue”.
2. Se seguirmos sempre os chineses, Hong Kong terá que ser Xiang Gang, e Cantão deverá ser Guangzhou.
3. Se usarmos sempre os nomes originais de cada cidade, respeitando a língua local, teremos que escrever München, Wien, Moskva e København ao invés de, respectivamente, Munique, Viena, Moscou e Copenhage.
Eu geralmente escolho “Beijing” na hora de escrever aqui no blog, por um motivo simples: lendo, ouvindo e falando assim todos os dias, não consigo associar o nome “Pequim” a onde moro. É igual quando dizem “Belô” ao se referirem a Belo Horizonte – parece que estão falando de outro lugar. Mas é engraçado. Não raro, conversando em português, deixo escapar um “Pequim” aqui e ali.
Minha opinião: fique à vontade. Chamar de “Pequim”, “Beijing” ou mesmo “aquele lugar imundo” é um direito seu. Mesmo porque, os chineses chamam o Brasil de Baxi, e Belo Horizonte de Bèiluò Àolǐzàngtè.
E em cada idioma, a coisa é diferente. Eu tenho uma camisa com o nome da capital chinesa escrita em 13 línguas diferentes. Quantas você consegue identificar?
Vamos com partes. Em chinês, o nome da metrópole se escreve 北京. São dois caracteres. O primeiro, 北, se pronuncia “běi” e significa “norte”. O segundo, 京, se fala “jīng” e significa “capital”. Olhe no mapa da China onde fica Beijing e não é difícil de entender porque ela é chamada de “capital do norte”.
Existem várias teses de como a Beijing chinesa virou “Pequim” (ou Peking, Pékin, Pechino...) nas bocas ocidentais. Uma diz que a grafia “Peking” (como usado antigamente em inglês, ou ainda hoje no alemão) é uma aproximação da pronúncia cantonesa, do sul da China, para o nome da cidade. Outra relaciona padres jesuítas europeus que visitaram a China em tempos de outrora e usaram o alfabeto latino para transcrever como podiam o que ouviam em chinês. O francês “Pékin” virou “Peking” na Inglaterra, e daí espalhou suas variações pelo continente europeu.
Você pode se perguntar que tipo de surdo ouve “beabá” e escreve “peapá”. Mas a verdade é que, pronunciada corretamente, a palavra “Beijing” não se parece tanto com “beijim”, como na frase “beijim beijim tchau tchau”. O “B” não é tão sonoro, está mais para um meio termo entre nossos “P” e “B”. O jota não se fala como em “jejum” ou “jujuba”, mas que nem o “J” de nomes ingleses como John e Joe, acrescentando ainda uma lufada de ar. “Peitim”, como na frase “pega no peitim”, seria uma transcrição até mais fiel.
Nas últimas décadas, depois que o pinyin se consolidou como a transliteração oficial do chinês para o alfabeto romano, o nome Beijing vem ganhando força no ocidente. No inglês, já virou consenso. O próprio guia Lonely Planet menciona que a cidade só é ainda “chamada carinhosamente de Peking por diplomatas, jornalistas nostálgicos e acadêmicos saudosos”.
Em outras línguas européias, inclusive o português, formas “apequinesadas” ainda prevalecem. Na imprensa brasileira, vejo mais Pequim do que Beijing. Mesmo entre blogueiros brasileiros que moram por aqui, não há acordo. A Cláudia Trevisan , autora do ótimo livro Os Chineses , usa “Pequim”. A Lúcia, do Lu na China , usa Beijing, assim como a Janaína Silveira, doJanajan , que até escreveu recentemente um post sobre isso .
Os partidários de “Pequim” sustentam que essa é a forma que herdamos dos portugueses e já está consagrada em nosso idioma. Quem prefere “Beijing” acha que faz mais sentido usar o nome local. Todo argumento tem lá os seus problemas. Isso porque:
1. Se formos seguir sempre os portugueses, teremos que chamar a capital russa de “Moscovo”, a holandesa de “Amsterdão” e Hong Kong de (argh!) “Honguecongue”.
2. Se seguirmos sempre os chineses, Hong Kong terá que ser Xiang Gang, e Cantão deverá ser Guangzhou.
3. Se usarmos sempre os nomes originais de cada cidade, respeitando a língua local, teremos que escrever München, Wien, Moskva e København ao invés de, respectivamente, Munique, Viena, Moscou e Copenhage.
Eu geralmente escolho “Beijing” na hora de escrever aqui no blog, por um motivo simples: lendo, ouvindo e falando assim todos os dias, não consigo associar o nome “Pequim” a onde moro. É igual quando dizem “Belô” ao se referirem a Belo Horizonte – parece que estão falando de outro lugar. Mas é engraçado. Não raro, conversando em português, deixo escapar um “Pequim” aqui e ali.
Minha opinião: fique à vontade. Chamar de “Pequim”, “Beijing” ou mesmo “aquele lugar imundo” é um direito seu. Mesmo porque, os chineses chamam o Brasil de Baxi, e Belo Horizonte de Bèiluò Àolǐzàngtè.
E em cada idioma, a coisa é diferente. Eu tenho uma camisa com o nome da capital chinesa escrita em 13 línguas diferentes. Quantas você consegue identificar?
Uma pesquisa rápida: quando eu uso caracteres chineses no texto ou no título do post, vocês vêem os caracteres ou apenas quadradinhos?
Publicado originalmente no Boca de Gafanhoto
Beijing , Boca de Gafanhoto , China , idiomas , mandarim
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