Colinas Perfumadas? Montanhas Odoríficas?
Como é que se diz “Fragrant Hills” em português? A tradução literal seria “Montes Fragrantes”, que soa terrível. “Montanhas Odoríficas” chega a doer os ouvidos. “Colinas Perfumadas” parece o quartel-general dos Teletubbies. Por isso, doravante me referirei às montanhas mais famosas de Beijing pelo seu nome original, Xiangshan.
Não que haja um agradável cheirinho de jasmim permeando o lugar. A alcunha vem do monte de 557 metros com duas grandes pedras que - dizem - lembram queimadores de incenso. Há um apelido alternativo, “Pico do Diabo Carrancudo” (referência à subida diabolicamente íngreme até o topo), que acho muito mais legal.
O Parque Xiangshan fica no noroeste de Beijing, a uma hora de busão, e foi criado ao redor da montanha no longinqüíssimo ano de 1186. Só pra te situar, nessa época o Genghis Khan tinha vinte e poucos anos. Desde então, o parque ganhou trocentos templos, pagodes, pavilhões e jardins em seus 180 hectares, e até titio Mao morou ali por um tempo. Muitas dessas construções foram danificadas pelos exércitos anglo-franceses durante o século 19 – aliás, é mais fácil apontar o que essa galera deixou de pé em Beijing, porque haja sede de destruição.
Qualquer guia turístico vai informar que a melhor época para visitar as Montanhas Cheirosas é no outono. É quando as folhas das aceráceas mudam de cor e apresentam um vermelho brilhante e vivaz. Só esquecem de falar que o parque fica impossivelmente apinhado de visitantes, loucos para catar sua folhinha vermelha e levar de lembrança. Nas outras épocas do ano, você pode comprá-las plastificadas, o que é meio jacu, né não?
Subir até o topo é parte fundamental do passeio e há duas formas de fazê-lo. A primeira é caminhando, degrau a degrau, passo a passo, como manda o manual do escoteiro mirim. A outra é ir sentado confortavelmente no teleférico. O preguiçoso aqui escolheu o teleférico, claro. São 18 minutos até lá em cima, com uma vista espetacular do parque e da cidade. Subir a pé ainda está nos meus planos, mas talvez tenha que esperar a primavera – embora tecnicamente ainda estejamos no outono, a temperatura já está quase abaixo de zero. Ou talvez eu devesse encarar o invernão: pelo menos, ficaria livre da turba ensandecida em busca das folhinhas vermelhas...
A rua que dá acesso ao parque chama-se Rua dos Negócios, e a galera faz de tudo pra atrair os consumidores: de chinês cowboy balançando bandeira...
...passando por chinês tampinha tentando aparecer...
...até peruca da Emília.
Na entrada do parque, uma rosquinha gigante.
Saudando os visitantes, uma rede cheia de... folhinhas vermelhas de plástico, claro.
Paisagem tipicamente chinesa: lago, templo e leão feioso.
Se quiser dá pra armar barraca e passar a noite.
Ou jogar um baralhinho no meio da mata.
Ou convencer o amiguinho a brincar de proctologista.
De nada adiantaram seus esforços de camuflagem: ele foi flagrado tanto por mim quanto pelo chinês tirando foto do outro lado.
Vêzinho com os dedos, uma instituição asiática.
Em vez da tradicional bandeira, essa guia turística preferiu um galho com as famigeradas folhinhas vermelhas.
Um diagrama explica como andar no teleférico.
Hora de embarcar. Um, dois, três e...
Ó eu aí voando.
Essa tá pronta pra descer da cadeirinha e assaltar um trem.
Plaquinha em chinglish não pode faltar: "No geffing on or off, enfendeu ?!"
A vista lá do topo.
Zilhões de fitinhas vermelhas amarradas nas árvores. É pra compensar as folhas arrancadas?
"Ai, amor, pendura uma fitinha pra gente?"
Parque sempre tem inseto de formato engraçado...
...e outros avacalhando as plantinhas (acho que tão é sabotando os turistas que querem arrancar folhas)
O que diabos esse cara tava comendo? Pepino?
Não, era esse estranho salgadinho colorido, vendido por R$ 0,25 o metro. Me deram um pedaço pra experimentar e não gostei: imagine um Cheetos Tubinho velho, sem sabor e com essas cores de quarto de bebê...
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