28/03/2009

Se é assim mesmo, que assim seja


Os Paralamas do Sucesso - Brasil Afora
Primeira audição comentada

Fiz essa experiência há quase dois anos com o sétimo disco de Rogério Skylab, e agora retomo com o novo dos Paralamas, banda por quem sempre tive apreço. A primeira audição de um álbum não significa muito e vários dos meus preferidos só comecei a gostar de verdade depois do terceiro ou quarto contato. De qualquer forma, é interessante voltar depois e ler quais foram essas primeiras impressões. Vamos, portanto, ao "Brasil Afora":

14h04 - Metais e um toque latino abrem "Meu Sonho", como grande parte da obra paralamesca. Não parece uma canção muito memorável, mas o clima dela é bem legal. O tema da introdução se repete por toda a música, variando só na hora do interessante solo do meio.

14h10 - A introdução com violões e uma guitarra abafada promete, mas em seguida ela vira um reggae, e devo dizer que tenho certa preguiça de reggae. Mas uma coisa é o reggae vagabundo de mineiros cantando sobre mar e surfe sem conhecimento de causa, outra são os Paralamas. O "All right" do primeiro verso leva a crer que a letra é em inglês, mas o verso seguinte ("O céu tá bonito lilás") desfaz a impressão. O reggae vira rock depois do primeiro minuto e a participação de Carlinhos Brown (também autor da música) nem incomoda. Tem uns versos que são muito o estilo dele, como "Não vou me enganar, hein". Apesar de não ser fã de Brown, ele tem parcerias excelentes com os Paralamas, como "Uma Brasileira". Bom, gostei dessa música. O nome dela é "Sem Mais Adeus".

14h13 - Chega a vez do primeiro single, "A Lhe Esperar". É um skazinho reggado que lembra Cidade Negra. A estrutura de 2 acordes é bem simples, mas tem barulhinhos incrementando. O trecho mais legal é a terceira estrofe ("Água venha, água vá / Arda lenha, cave pá / Chove chuva, vire curva / Gire roda, quebre mar...") Curiosamente, a música escolhida para ser a primeira de trabalho é a que menos gostei até agora. Observação: "Lhe" é uma palavra muito esquisita quando escrita com letra maiúscula.

14h18 - "El Amor (El Amor Despues Del Amor)" é bonita, mas não me pega muito. A voz do Herbert está mais grave que o habitual, lembrando vagamente (mas vagamente mesmo) um Frejat da vida.

14h20 - "El Amor" é colada na canção seguinte, "Quanto ao Tempo". Outro skazinho, mais lento que "A Lhe Esperar". Um verso cita Roberto: "Os detalhes tão pequenos de nós dois ficaram pra depois". Outro trecho já acho forçadão: "Lágrimas não são forever / Dores já não são together". Já foram 5 músicas e até agora o décimo segundo álbum de estúdio dos Paralamas não me agradou tanto. Mas esta é a primeira audição. Quando comecei a ouvir o "Nove Luas", hoje um dos meus discos nacionais preferidos, costumava pular as faixas pares.

14h24 - "Aposte Em Mim" é um pop rock bacana, que remete ao Skank pós-2000. O refrão tem uma harmonia previsível e não contagia muito. A estrutura dela é uma constante em todo o álbum: letras curtas, repetidas na íntegra por duas ou três vezes.

14h27 - Começa "Mormaço", que tem participação do Zé Ramalho. O estilão é bem nordestino. Zé começa a cantar mesmo na quarta estrofe, mas contribui com um grave grunhido na introdução.

14h30 - "Taubaté ou Santos". Baladinha meio... sei lá, "lounge"? O solo é muito bom, embora dure pouco - tinha potencial pra mais.

14h33 - A faixa-título, "Brasil Afora", abre pesadona, surpreendendo - ainda mais depois do fade out tranqüilo da canção anterior. O vocal quase falado lembra um repente e não me apetece, mas o instrumental pesadão é bom.

14h35 - "Tempero Zen". A melodia vocal lembra Zeca Baleiro. Gosto dos primeiros versos: "No íntimo sinto que todo mundo se sente um tanto único /Sinto que não há qualquer tempero zen que apague essa impressão". O solo final é uma mistura do órgãozinho do The Doors e uma guitarra a la Santana, só que mais lento.

14h38 - Outra que começa roqueira. Vamos ver que rumo toma. O nome é "Tão Bela". Como em "Brasil Afora", gosto muito do instrumental e nem tanto da melodia. Letras faladas são boas quando apropriadas, tipo "O Caminho Pisado", do Nove Luas ("Da cama pro banho, do banho pra sala, o sono persiste, o sol já não tarda / É tudo igual, igual, igual, igual...") Um solo bacana encerra a última música disco.

15h27 - A chuva cai lá fora enquanto termino de editar o post pensando se dou nota pro álbum ou não. Acho que 3 estrelas em 5 seria justo, mas vou evitar quantificar antes de uma boa digestão. Agora é esperar os Paralamas em Beagá para o show da turnê. A julgar pelo nome do disco, eles devem rodar o país de leste a oeste, de norte a sul. E embora seja uma das minhas bandas brasileiras preferidas ainda na ativa, só presenciei duas apresentações ao vivo, salvo engano: no Pop Rock Brasil de 1997 (Independência), ainda com o repertório do "Nove Luas" (uma pena que eu não conhecesse o disco tanto quanto hoje) e na turnê Paralamas + Titãs em 2007, no calor infernal do Chevrolet Hell. Aliás, devo dizer que faz tempo que não vou há um show bom de banda nacional. Em Cabo Frio teve Blitz (sim, ainda existe), mas ficamos no Bar do Don Nicola bebendo antes e chegamos no bis. Em compensação, assistimos ao show do Netinho na íntegra. Uma honra, não?

0 comments :

Postar um comentário

Quem

Lucas Paio já foi campeão mineiro de aviões de papel, tocou teclado em uma banda cover de Bon Jovi, vestiu-se de ET e ninja num programa de tevê, usou nariz de palhaço no trânsito, comeu gafanhotos na China, foi um rebelde do Distrito 8 no último Jogos Vorazes e um dia já soube o nome de todas as cidades do Acre de cor, mas essas coisas a gente esquece com a idade.

Busca no blog

Leia

Leia
Cinema-Múndi: Uma viagem pelo planeta através da sétima arte

Leia também

Leia também
A Saga de Tião - Edição Completa

Ouça

Ouça
Sifonics & Lucas Paio - A Terra é Plana

Mais lidos

Leia também


Cinema por quem entende mais de mesa de bar

Crônicas de um mineiro na China


Uma história parcialmente non-sense escrita por Lucas Paio e Daniel de Pinho

Arquivo

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *