Os textos inacabados do Biselho # 16
Em outubro de 2007...
Lamento
- A tecnologia tá matando a arte, sabia?
- É mesmo?
- Bom era quando tinha LP. O disco grandão, com cara de disco, com capa de disco. Aquele encarte gigante, com as letras enormes, que dava pra ler. Não essas letrinhas miúdas de hoje. Eu não quero precisar de óculos pra apreciar um disco, sabe?
- Sei, sei.
- Mas o melhor era o conceito de dois lados. Lado A, lado B. Uma obra com duas metades. O cara tinha que preocupar com a música de abertura do disco, a música que fechava o lado, a música que abria o lado B... as canções que ficam nos extremos são muito importantes. Dão uma cara pro disco. Sabe como é?
- Sei.
- Aí surgiu o CD. Eliminaram o lado B. Estraguei meu primeiro som assim. Tentando ouvir o lado B do CD. Não fazia sentido pra mim eles terem eliminado a segunda metade.
- É. Complicado.
- Mas o álbum, como obra, um disco inteiro, várias músicas pensadas pra serem ouvidas naquela ordem, isso continuou existindo. Mas aí começou a onda de pegar música na Internet. Percebe o que aconteceu?
- O que aconteceu?
- Todo mundo só baixava música avulsa. Uma faixa de cada vez. Um artista de cada vez. É como se todo mundo assistisse só as cenas ao invés do filme inteiro. Lamentável. Lamentável, cê tá me entendendo? A arte acabou. O lado A e o lado B se condensaram, se desmembraram e agora são só isso, retalhos musicais, canções soltas sem identidade. Tá entendendo como isso é ruim? Tá me ouvindo?
- Tô te ouvindo, tô te ouvindo. Mas pelo amor de Deus, pô. Vira o disco!
Em março de 2009...
O pior de tudo é que a indústria passou a década sem conseguir se adaptar, e ainda lança mão de recursos duvidosos como proibir a comunidade Discografias. Ainda ouço muito vinil e baixo muita mp3, mas só Deus sabe a última vez que comprei um CD...
Lamento
- A tecnologia tá matando a arte, sabia?
- É mesmo?
- Bom era quando tinha LP. O disco grandão, com cara de disco, com capa de disco. Aquele encarte gigante, com as letras enormes, que dava pra ler. Não essas letrinhas miúdas de hoje. Eu não quero precisar de óculos pra apreciar um disco, sabe?
- Sei, sei.
- Mas o melhor era o conceito de dois lados. Lado A, lado B. Uma obra com duas metades. O cara tinha que preocupar com a música de abertura do disco, a música que fechava o lado, a música que abria o lado B... as canções que ficam nos extremos são muito importantes. Dão uma cara pro disco. Sabe como é?
- Sei.
- Aí surgiu o CD. Eliminaram o lado B. Estraguei meu primeiro som assim. Tentando ouvir o lado B do CD. Não fazia sentido pra mim eles terem eliminado a segunda metade.
- É. Complicado.
- Mas o álbum, como obra, um disco inteiro, várias músicas pensadas pra serem ouvidas naquela ordem, isso continuou existindo. Mas aí começou a onda de pegar música na Internet. Percebe o que aconteceu?
- O que aconteceu?
- Todo mundo só baixava música avulsa. Uma faixa de cada vez. Um artista de cada vez. É como se todo mundo assistisse só as cenas ao invés do filme inteiro. Lamentável. Lamentável, cê tá me entendendo? A arte acabou. O lado A e o lado B se condensaram, se desmembraram e agora são só isso, retalhos musicais, canções soltas sem identidade. Tá entendendo como isso é ruim? Tá me ouvindo?
- Tô te ouvindo, tô te ouvindo. Mas pelo amor de Deus, pô. Vira o disco!
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Em março de 2009...
O pior de tudo é que a indústria passou a década sem conseguir se adaptar, e ainda lança mão de recursos duvidosos como proibir a comunidade Discografias. Ainda ouço muito vinil e baixo muita mp3, mas só Deus sabe a última vez que comprei um CD...
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